sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A PROCISSÃO DAS ALMAS


                                                                  


O bairro do Monte Castelo, antigo bairro do Areal sempre foi rico em festas, manifestações folclóricas e religiosas e não poderia deixar de ser rico em lendas,contos e histórias.
Quando criança ouvir muita coisa sobre as "assombrações " do bairro como:
A mulher que virava porco (uns diziam que era um homem), a manguda, a cavala canga, a carruagem de Nhá Jansen,  a bola de fogo do Bessa (antigo matagal as margens do rio Anil, hoje atual hospital SARAH) e tantas outras mais.

                        
                         Rua Primeiro de janeiro no bairro do Monte Castelo
                                                         (Antigo bairro do Areal)
                                                        Foto: Márcio Arthur 2012
                                                  


                                     
Todas fizeram parte de minha meninice mas, a que mais me deixou de cabelo em pé foi "A Lenda da Procissão das Almas".
 Affe Maria!!! sempre que alguém me contava ficava amedrontado, demorava muito dormir e não posso negar que muitas vezes e com muito medo, cheguei até a brecha da janela da minha casa na curiosidade de olhar essa terrível procissão.


                                     
                  Será uma estória ou uma história?

            As vezes não é bom duvidar do que não conhecemos!

                Senta ai! e vamos ouvir esse conto do além!

          Senta!!! senta!!! por que lá vem estóriaaaaaaaaaaaaa!!
                                    Aiiii!!! meu Deusss!!!

                             A Procissão das Almas.

Aqui na rua Primeiro de Janeiro no bairro do Monte Castelo morava uma senhora , hoje já falecida e que preferir  não citar seu nome, ( por uma questão de ética) que sempre nas noites de lua cheia , quando o céu escuro ficava aquele clarão bonito de se ver , ela se sentava junto as crianças da época ( sendo uma delas , eu, claro rsrsr) e começava a contar várias lendas, causos do bairro.
                                   
 Ela falou que muitos anos atrás, quando ela era criança um senhora de nome que não consigo lembrar morava sozinha em seu simples casebre de palha, era na década de 40 e as casas eram de taipa, cobertas de palha , sem iluminação ( a não ser do luar) e as ruas eram de areia , talvez por isso o nome de bairro do Areal.
Como a velha senhora morava sozinha e não tinha muito o que fazer e com quem conversar,  passava  o dia e a noite junto a janela vendo o tempo e as pessoas passarem.


                                                   
Uma certa noite , ela resolveu ficar até mais tarde com sua janela aberta admirando o luar, uma vez que todos os outros vizinhos já se encontravam recolhidos em suas casas, quando de repente!



                                                    
Ela olhou para o final da rua , bem próximo da linha do trem
( estrada da vitória, hoje atual avenida Luis Rocha) e lá se vinha muitas pessoas vestidas com roupas brancas largas, cobertas da cabeça  aos pés, rezando com velas acesas na mão, era uma procissão luminosa.
                                           
                   Ela achou aquilo estranho devido ao horário.


                                              
           Uma procissão há essa hora da noite!!!
                    De onde vem essa procissão?
                         

A velha senhora tinha costume de frequentar a igreja e sabia que aquela procissão não era  originária dali, e sempre que as procissões saiam ás ruas os sinos da Igreja tocavam. continuou a achar estranho.


                                 
A procissão foi prosseguindo e passou na porta de sua casa e ela não conseguiu identificar nenhum dos participantes, pois seus rostos estavam encobertos e inclinados.


                                         
De repente! um dos participantes se aproximou da velha senhora junto a janela e lhe entregou umas vela dizendo que manhã voltaria para pegá-la  de volta.
                                                                     
Com a procissão chegando ao fim a velha resolveu dormir, e apagou a vela e guardou-a. No outro dia, quando acordou, a velha foi ver se a vela estava no local onde ela guardou, porém para sua surpresa no local em que deveria estar a vela estava um osso de uma pessoa já adulta.
                                 





Horrorizada, a velha senhora começou a rezar o credo com devoção e fervor durante o dia todo.
Em seguida começou a sentir arrepios, calafrios e febre muita alta. 
                                  
  Alguns vizinhos ficaram preocupados  pois, sentiram a falta da velha senhora na janela por dois dias e foram saber o que teria acontecido dai, lhe encontraram acamada e com muita febre.
Uma vizinha lhe preparou um chá que baixou a febre a a fez adormecer.
                                                 
                            Durante o seu sono, um sonho.
A velha senhora  sonhara que deveria devolver o osso juntamente com duas velas bentas e o local da entrega seria na sua janela e no mesmo horário.
Ao acordar, um vento forte soprou em seu quintal, balançou os galhos das arvores e uma voz ecou no ar:


                                                     

"Que isso lhe sirva de lição, isso é o que acontece com os vivos que tentam vigiar o  mundo dos mortos."

A velha senhora ainda assombrada com tudo isso, providenciou o que lhe fora pedido no sonho e continuou rezando o credo , aguardando a hora da procissão.


                                                     
E então perto da meia noite, ela trêmula de medo, colocou o osso e as duas velas na janela e ficou deitada em sua cama rezando.
Acredita-se , que a procissão passou pois , o osso e as duas velas sumiram de sua janela.
A velha senhora continuou a viver sua vida tranquila e pacata, só que durante a noite fechava sua janela e mantinha-se longe dela.
E até hoje não se teve mais noticias da "Procissão dos Mortos".



                             
                                         

                 
                      E ai? o que você me diz disto? 
           

     Tudo bem que tem aquele velho ditado  que diz:

 " Quem conta um conto, aumenta um ponto!
Mas, eu juro!! que não aumentei nenhum osso se quer, imagine um ponto nesse conto!

                                      He he he he !!!!

 Faça como eu : Não brinque com quem e com o quê você não conhece!
Existe momentos na vida  que é melhor fingirmos ser cegos.
Essa é minha estória ( ou história) e minha dica de hoje.

                                   Até a próxima !

                      
                                     Márcio Arthur.
( Um dos meninos nascido e criado no bairro do Monte castelo que ouviu essa lenda e um dos muitos que dormiu com medo dela)
    
                    (Opa!!! da velha , não da lenda!!! rsrsrsrs)

                                     









Fonte do texto:  Domínio popular, tradição oral.
Adaptação do texto: Márcio Arthur.
Fonte de imagens: Google
Foto: Márcio Arthur 2012
         

4 comentários:

  1. Sabe que minha avó paterna contava uma história muito semelhante com essa. Ela morava no Estado do Paraná no tempo que tudo era mato. Ela tinha 11 filhos kkk naquele tempo as mulheres produziam mesmo não perdiam tempo. Bom uma das menininhas dela pegou sarampo, e casa era coberta de sapé e o vento descobriu a casa e a Cidinha tomou chuva e alguns dias depois veio a falecer, minha avó não se conformava com a perda da filha e toda noite ficava sentada na porta endo o luar e os meninos brincava ate mais tarde, la pelas nove horas ele colocou a molecada pra dentro para ir dormir. Assim que todos se ajeitaram nas esteiras no chão, ela voltou para sala e abriu a janela para ver se meu avô estava chegando já que fazia três dia que ela havia saído de casa para para Pinhais hoje atual Adrianópolis. Foi quando ela avistou várias luzes vindo pela estrada que passava em frente ao rancho que ela morava no começo ela não sabia do que se tratava, mas quando foi aproximando ela notou que era um procissão todos de branco mulheres homens e crianças rezando. Foi então que ela viu por último um senhora de certa idade coma menininha no colo, passou tão perto da janela e ela as reconheceu era sua mãe já falecida a mais de 20 anos com sua pequena Cidinha no colo ela disse que as duas deu um tchau para ela e sumiram na procissão as duas estavam felizes. Desse dia em diante ela nunca mais chorou a perda da filha nem de sua mãe pois sabia que elas estavam. Depois da perca dessa menina minha avó ainda teve mais sete filhos. Ela morreu aos 88 anos em 1987 em Itapecerica da Serra SP. Sou uma das netas mais velha dela tenho muita saudade de minha querida e saudosa vovó Sebastiana.

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  2. Gostei de sua história me trouxe muitas recordações de meus avós e suas histórias nos fins de tarde na fazenda.

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  3. ótima história; minha mãe me contava que as almas saem em procissão toda segunda feira fazendo e percurso cemitério/igreja/cemitério por volta de meia noite. história que até hoje nunca esquecí.Um certo dia fui morar bem perto do cemitério, e por coincidência ou não,toda segunda feira por volta de meia noite, os cachorros da redondeza latiam sem parar, então falei pro meu marido da história que minha me contou quando criança,ele ficou morrendo de medo.

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